sexta-feira, 1 de março de 2013

Os verdadeiros Heróis Brasileiros e o Mito das Celebridades

Luiz Fernando Paes
Os seres humanos sempre tiveram necessidade de prestar seu culto a um herói, e construir celebridades. Longe de toda complexidade deste tema, podemos fazer algumas considerações sobre o que entendemos como celebridades são construídas e quem deveriam ser nossos verdadeiros heróis.

"Chama-se celebridade um débil mental que foi à televisão. -- Millôr Fernandes "Uma celebridade é uma pessoa que trabalha duro a vida inteira para se tornar conhecida e depois passa a usar óculos escuros par não ser conhecida". -- Fred Allen. Nestes tempos atuais, a mídia tem ocupado um espaço central na vida das pessoas. Assim, as pessoas que tem necessidade de aparecer, fazem de tudo para estar em evidencia, suprir seu ego, ganhar mais dinheiro ou mesmo por se destacar naquilo que faz.

Talvez a construção da celebridade atenda mais prontamente a ideologias politicas, econômicas e sociais, a serviço do controle de massas, alienante, que desvia a atenção das pessoas dos fatos que mais afetam suas vidas, como desemprego, baixos salários, desvalorização social entre outros. Cada cidadão ou cidadã vive uma catarse frente à sua celebridade.

Aquele (a)  celebridade que ele elegeu para admirar, representa, talvez, tudo aquilo que ele/ ela gostaria de viver e ser, mas sabe que é algo impossível. É comum vermos pessoas falando de um jogador de futebol, cantor ou ator, como se fosse alguém muito próximo, como um grande amigo ou parente. porém os verdadeiros heróis são mais do que celebridades, não são tão efêmeros, estão bem próximos de nós, algumas vezes são pessoas simples outras estudadas e cultas. Pessoas como aquelas que, mesmo na madrugada, passam pela cidade, recolhendo o lixo, arriscando sua saúde, para que todos aqueles resíduos não contamine a nossa. Grandes heróis são todos aqueles que ensinam as primeiras letras, dedicam-se a seus alunos, como se fossem os próprios filhos. Também os trabalhadores da saúde, que mesmo tendo feito tudo que puderam, lamentam, até a última lágrima por uma vida perdida.

Os construtores, que com suas obras embelezam, protegem, as pessoas, em qualquer condição de tempo. Bombeiros, policiais,vigilantes, funcionários públicos, enfim todos os trabalhadores que fazem de seu ofício, uma forma de se dedicar ao outro, de ser solidário, verdadeiros heróis, que merecem nosso respeito e admiração.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Educacão Pelo Medo

Luiz Fernando Paes. Governos, instituições de ensino, algumas religiões, usam como princípio, a educação pelo medo. Embora consigam, de certa forma alcançar seus objetivos, pessoas amedrontadas ficam paralisadas, fáceis de serem manipuladas, não reclamam de seus direitos, evitam situações de enfrentamento e conflito. Pessoas com medo consomem quantidades enormes de produtos de alta tecnologia de segurança, movimentando bilhões de reais ao ano a chamada indústria de artigos de segurança ou "a Indústria do medo". Mas nada é tão forte e temeroso como suspensão dos direitos civis, mediante a ameaça de alguma força maior, como por exemplo, o terrorismo. Um presidente norte americano, George W. Bush, conseguiu se reeleger usando como pano de fundo os ataques de 11 de setembro, assustando uma nação já assustada com os ataques as torres Gêmeas, e modificando leis que aumentam a vigilância sobre os cidadãos que emigram, e do próprio povo norte americano. A televisão brasileira é um bom exemplo de como a mídia pode assustar a população, tornando-a mais distante das questões sociais e politicas, dificultando as mudanças e reformas, que são tão urgentes para o avanço da democracia e melhoria da qualidade de vida, via combate às injustiças sociais, combate à corrupção. alguns pais e professores também utilizam do medo como forma de educar, por insegurança ou porque aprenderam assim, mas desta maneira somente contribuem para formação de pessoas mais dependentes e inseguras, incapazes de manifestar suas opiniões, com uma postura passiva frente as adversidades. A autonomia só pode ser conquistada no enfrentamento ao medo exagerado, que muitas vezes é imposto por pessoas ao nosso entorno, direta ou indiretamente, propositalmente ou inconscientemente mas que certamente deixara marcas profundas na personalidade.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Diga Não ao Álcool

Luiz Fernando Paes

Doenças incapacitantes cobram um preço um enorme da sociedade de qualquer nação. Hoje, o consumo de bebidas alcoólicas no Brasil, chega a ser um problema de saúde pública. O que mais entristece é o fato do consumo de bebidas alcoólicas ser cada vez maior entre os jovens.

 A rapidez com que o álcool age no sistema nervoso, além lesões no   fígado ,  doença cardiovascular,  causando a sensação de euforia e bem estar, podendo levar a dependência em pouco tempo, aliado ao fato de ser uma droga lícida, de fácil acesso, mesmo na própria casa.

Assim como o cigarro prosperou com a grande contribuição da indústria cinematográfica, associando-o ao glamour e ao sucesso, hoje as bebidas tem ocupado este espaço principalmente entre os jovens, com conseqüências devastadoras para ele e toda a sua família.

Muitos jovens iniciam o consumo de bebidas alcoólicas dentro de casa, nos finais de semana ou festas de aniversário, vendo os pais beberem ou minimizando as consequência de uma bebedeira.  Existem aqueles pais que incentivam o porre  como um rito de iniciação para a vida adulta, outros levam a questão na brincadeira e se esquecem das proporções que o alcolismo pode tomar.

Provavelmente por causa da competitiva em que a mulher também se inseriu no mercado de trabalho, a busca pelo sucesso o estres, tem levado, segundo pesquisa, o aumento do consumo de bebidas entre as mulheres.

Educadores comprometidos com o desenvolvimento físico, psíquico e social, podem contribuir para diminuir o consumo ou até mesmo evitar que os jovens e envolvam com o consumo de bebidas alcoólicas, com atividades em sala de aula que levem a esclarecer o os problemas do consumo excessivo, a intoxicação alcoólica tratamento de dependentes e uma postura crítica sobre a produção cultural e publicitária que induz as pessoas mais vulneráveis ao consumo.

Campanhas educativas para esclarecimento sobre os malefícios do consumo do álcool em toda mídia, apoio psicológico e hospitalar aos alcoolistas, restrições e maior controle  na venda de bebida alcoólica podem contribuir  para diminuir o consumo.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde ,uma pessoa morre a cada dez segundos , devido ao uso abusivo de álcool.

 A Organização Mundial de Saúde diz que o abuso do álcool mata mais de três milhões de pessoas todos os anos e os governos precisam estar mais atentos muitas vidas se perdem direta e indiretamente.  Assim a frente de combate ao consumo de álcool deve de ordem governamental, social e individual.

Os índices da Organização Mundial de Saúde é alarmante por que indica que as bebidas alcoólicas tem causado mais dano do que a AIDS , a tuberculose e a violência juntas,   isso inclui dirigir alcoolizado, violência induzida pelo álcool e todas as doenças e distúrbios associados ao álcool ..

O relatório diz que o álcool contribui para cerca de 7,6 por cento das mortes de todos os homens e 4 por cento das mortes de mulheres . 

OMS relata menos do que 40 por cento de pessoas em todo o mundo bebem . Mas, aqueles que o fazem, e estão com 15 anos ou mais , beber uma média de 17 litros de álcool puro por ano. Isso dá em média de cerca de 6,2 litros de álcool puro por pessoa a cada ano. (Via Flickr / Kimery Davis)

O relatório também descobriu cerca de 16 por cento das pessoas participam de bebedeira episódico - mais conhecido como binge drinking . (Via Flickr / B Duss )

UM artigo copiado na integra  do portal uol .com.br , trás informações muito interessantes sobre binge drinking:

Compulsão alcoólica: Como lidar com o binge drinking?
por Danilo Baltieri,  Danilo Baltieri
Médico psiquiatra. Mestre e doutor em Medicina pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Tem experiência em Psiquiatria Geral, com ênfase nas áreas de Dependências Químicas
Fico intervalos de quinze dias ou mais sem beber. Estes intervalos variam de 21, 40, 60, 70 ou até mesmo 100 dias sem beber. Mas quando bebo, tomo umas 15 latas de cerveja em 12 horas. Tenho 45 anos. Em longo prazo, de que forma isto pode comprometer minha saúde?
O que é binge drinking?
Resposta: “Binge Drinking” é um beber episódico, durante o qual uma grande soma de bebidas é consumida em um curto período de tempo. A definição mais popular para esse termo é “o consumo de mais do que 60 gramas de álcool etílico por um adulto do gênero masculino em uma mesma ocasião”.

Previamente, segundo alguns autores, esse termo pressupunha o quadro de consumo “fora de controle” de bebidas alcoólicas durante dois ou três dias, ou mesmo em um final de semana. Outros pesquisadores definiam como o consumo de mais do que 60 gramas de álcool etílico por homens e mais do que 50 gramas de álcool etílico por mulheres em um mesmo momento. Tais bebedores podem ou não se sentir intoxicados durante esses episódios, dependendo da duração do período de consumo continuado.

Hoje, o National Institute of Alcohol Abuse and Alcoholism (NIAAA) define “binge drinking” como o padrão de beber bebidas alcóolicas que provoca uma concentração alcoólica sanguínea igual ou acima de 0.8 g/L. Isso significa, em um adulto típico, um consumo de 70 gramas de etanol ou mais para homens ou de 56 gramas ou mais para mulheres em um período de 2 horas.

Outros termos como “beber periódico de alto risco” ou “beber pesado episódico” também podem ser utilizados.

De qualquer forma, o consumo pesado de bebidas alcoólicas (você bebe, de forma episódica, cerca de 170 gramas de álcool em 12 horas, dependendo da concentração alcoólica da cerveja consumida) pode trazer efeitos bastante nocivos para a sua saúde.
Beber pesado: danos e riscos

O álcool etílico é uma substância tóxica que pode causar danos à quase qualquer sistema orgânico. De fato, um corpo crescente de evidências epidemiológicas tem demonstrado, de modo consistente que o “beber pesado episódico” está associado a uma gama significativa de situações adversas tais como: danos à saúde física, comportamento sexual de risco, gravidez indesejada, infarto agudo do miocárdio, overdose alcoólica, quedas, violência (incluindo brigas, violência doméstica e homicídios), acidentes de trânsito, problemas psicossociais (ex. na família e trabalho), comportamento anti-social e dificuldades escolares, tanto em jovens como na população em geral.

Além disso, o “beber pesado episódico” está associado a um aumento da mortalidade por todas as causas de doenças cardíacas e está relacionado a um risco maior para transtornos psiquiátricos, câncer e doenças gastrointestinais. Além disso, freqüentes episódios de desintoxicação podem induzir aberrante plasticidade neuronal, provocando alterações nas atividades cognitiva e afetiva.

Recomendo a leitura do seguinte artigo científico:
1. Farke, W., & Anderson, P. (2007). Binge drinking in Europe. Adicciones, 19(4), 333-339.
2. Stephens, D. N., Ripley, T. L., Borlikova, G., Schubert, M., Albrecht, D., Hogarth, L., & Duka, T. (2005). Repeated ethanol exposure and withdrawal impairs human fear conditioning and depresses long-term potentiation in rat amygdala and hippocampus. Biol Psychiatry, 58(5), 392-400.



Quando os filhos começam a beber... Como os pais devem lidar com situação?
por Danilo Baltieri
Como devo me comportar ou reagir quando perceber que meu filho de 17 anos anda bebendo?
"Mantenha o vínculo com seu filho, respeitando a liberdade dele para que ele não ache que você está tentando controlá-lo ou reprimi-lo. Quanto mais próxima do seu filho, menos ele cederá às pressões do grupo"Resposta: Nesta faixa etária, os jovens pouco se preocupam com o que os seus pais pensam sobre o assunto “beber”. Eles são bastante influenciados pela pressão do grupo de amigos/pares, bem como pela publicidade que associa o álcool com momentos de lazer e prazer.
Contudo, devemos também ter em mente que no Brasil, é proibida a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos de idade.

De qualquer forma, não tenha medo de conversar com o seu filho sobre o consumo de bebidas alcoólicas, de forma clara e franca. Mesmo que ele seja fisicamente maior do que você, a sua opinião deve ter valor.

Sempre durante a conversa, certifique-se de que tanto você quanto o seu filho estão sendo ouvidos e têm a chance de externar opiniões. Converse com ele sobre as conseqüências do consumo de bebidas na escola, no trabalho, enquanto pratica esportes ou desempenha outras atividades.

Mantenha o vínculo com seu filho, respeitando a liberdade dele para que ele não ache que você está tentando controlá-lo ou reprimi-lo. Quanto mais próxima do seu filho, menos ele cederá às pressões do grupo.

Você deverá ter alguns fatores a seu favor, tais como: o bom e adequado relacionamento com o seu filho e confiáveis informações sobre o consumo de bebidas alcoólicas nesta faixa etária. O conhecimento de boa qualidade associado com a adequada vinculação com o seu filho contribuirão para um melhor desenlace do fato.

É importante saber como está o desempenho do seu filho: na escola, trabalho e demais atividades. Além disso, quais estão sendo os modelos seguidos pelo jovem, quais estão sendo as suas principais dificuldades (relacionamentos, amigos, desempenhos), como estão sendo desenvolvidas as suas expectativas, como o seu pensamento/idéia está sendo organizado.

Existem fatores protetores e de risco para o abuso de substâncias psicoativas, como o álcool. Dentre os fatores protetores estão: o estreito e adequado vínculo com os pais, os próprios hábitos saudáveis dos genitores, o bom desempenho acadêmico do jovem, bem como habilidades acadêmicas e sociais adequadas.

Dentre os fatores de risco estão: falta de suporte familiar, pobre desempenho acadêmico e falta de expectativas realistas, precoce comportamento impulsivo/ agressivo, facilidade no acesso às drogas na própria comunidade ou entre os pares.


sábado, 12 de janeiro de 2013

Bibliografia sobre sexualidade

Uma indicação de bibliografia que pode ajudar:
Título: Pele de Asno Não é Só História temática: abuso sexual em uma abordagem estatistica e descrição de casos Autor: Maria Amélia Azevedo / Viviane Nogueira de Azevedo Guerra Editora: Roca

 Título: Sexualidade na Escola: Alternativas Teóricas e Práticas Autor: Julio Groppa Aquino Editora: Summus Editorial

 Título: Sexo e Poder Autor: Guido Mantega Editora: Brasiliense S/A

 Título: O Relacionamento Amoroso: Segredos do Amor e da Intimidade Sexual Autor: Masters & Johnson Editora: Nova Fronteira

 Título: Por que os Homens Não Se Abrem: Como superar o medo de intimidade dos homens Autor: Steven Naifeh / Gregory White Smith Editora: Record

 Título: Relatório Hite Sobre Sexualidade Masculina Autor: Shere Hite Editora: Difel

 Título: Criação em Separado: Como a Biologia nos Faz Homo ou Hetero Autor: Chandler Burr Editora: Record.  

 Título: Enciclopédia Básica de Educação Sexual Autor: Dra. Helen Singer Kaplan Editora: Record.

 Título: O Relatório Hite: Um profundo estudo sobre a sexualidade feminina Autor: Shere Hite Editora: Difel 

Título: Corpo, Gênero e Sexualidade Autor: Guacira Lopes Louro / Jane Felipe Neckel / Silvana Vilodre Goellner Editora: Vozes Título:

O Corpo Educado : Pedagogias da Sexualidade Autor: Guacira Lopes Louro Editora: Autêntica Título: Gênero, Sexualidade e Educação: Uma perspectiva pós-estruturalista Autor: Guacira Lopes Louro Editora: Vozes Título:

Titulo: Os papeis sexuais Autor: Patrícia tucker Editora: brasiliense

Titulo: Relatório Kinsey (1948 ) masculino.

TTitulo:     Relatório Kinsey (1952) feminino

 Título: Agora que Você já Sabe o que todo pai e toda mãe deveriam saber sobre a homossexualidade Autor: Betty Fairchild e Nancy Hayward Editora: Record Tema de discussão: Um guia fundamental para dezenas de milhões de pais em todo o pais que tiveram de aceitar a homossexualidade de seu filho ou filha. Premiado Best seller americano. Agora que você já sabe tornou-se um texto clássico de informação e apoio desde sua primeira publicação no EUA em 1979. atualizado pelas próprias autoras ( mães de homossexuais) e acrescido de um capitulo sobre a AIDS, o livro chega ao Brasil em tradução de Rick Santos, pesquisador brasileiro radicado nos EUA.

 Título: Papai Mamãe sou Gay, um guia para compreender a orientação sexual dos filhos. Autor: Rinna Riesenfeld Editora: summus Tema de discussão: O que fazer quando seu filho ou filha diz que é homossexual? Escrito por sexóloga e terapeuta, com longa experiência em lidar com pais aflitos, este livro responde as inúmeras questões familiares de homossexuais. De maneira simples, aborda as dificuldades de lidar com a culpa, com o preconceito próprio e dos outros, como conversar com os filhos. Repleto de exemplos e diálogos reais, o quia é essencial para a compreensão da sexualidade e da importância dos poderosos laços familiares.

 SILVA, R. Orientação Sexual: possibilidade de mudança na escola. Campinas, SP: Mercado das Letras. 2002

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Uso da neurociência é o próximo desafio dos psiquiatras, diz médico brasileiro

FOLHA DE SÃO PAULO, EQUILIBRIO Uso da neurociência é o próximo desafio dos psiquiatras, diz médico brasileiro RAFAEL GARCIA EM WASHINGTON Não é exagero dizer que o gaúcho Luis Augusto Rohde, 47, é o psiquiatra mais influente do Brasil. Se ainda não o é, pode passar a ser a partir de maio de 2013, quando sai a nova edição do DSM, o Manual de Diagnósticos e Estatísticas, publicação considerada a bíblia dessa especialidade médica. Rohde foi o único brasileiro convidado para a força-tarefa da APA (Associação Psiquiátrica Americana) que revisou os critérios de definição dos transtornos mentais. A transição da quarta para a quinta edição do manual, com lançamento previsto para maio, não foi nada fácil. Mudanças do DSM-4 para o DSM-5 atraíram críticas de psicólogos e familiares de pacientes e foram alvo do lobby da indústria farmacêutica. Sob pressão, sem tempo e com orçamento limitado, psiquiatras recuaram de algumas propostas de mudança. Rohde, professor titular de psiquiatria da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), atuou num dos setores mais controversos da força-tarefa: o que cuidou do "transtorno do deficit de atenção por hiperatividade", grupo acusado de inflar artificialmente a epidemia desse problema mental em crianças. O psiquiatra, porém, argumenta que o novo manual está mais coerente e confiável. Em entrevista à Folha, Rohde também explicou por que o DSM-5 ainda não traz a "mudança de paradigma" que muitos cientistas desejavam: a de tornar a psiquiatria uma especialidade médica mais baseada em biologia. Jefferson Bernardes/Folhapress O psiquiatra Luis Augusto Rohde, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre * Folha - Como um manual feito pela Associação de Psiquiatria Americana vai influenciar o atendimento à saúde mental no Brasil? Luis Augusto Rohde - O sistema classificatório oficial no Brasil é a CID (Classificação Internacional das Doenças), da Organização Mundial da Saúde, que está na sua décima versão. Está atualmente em processo de revisão, com a próxima versão prevista para 2015. Na prática clínica de saúde mental, então, o DSM-5 não terá impacto direto sobre o psiquiatra e o médico de família que atende casos psiquiátricos ou neurológicos. Entretanto, em todos os serviços universitários e naqueles que trabalham com pesquisa em saúde mental no Brasil, o DSM é mais utilizado que a CID. É nesses setores que o impacto vai se dar inicialmente. Como esses serviços são formadores de profissionais da área de saúde, os conceitos vão sendo incorporados à prática deles, embora eles tenham também que respeitar os critérios da CID. Existe um esforço para que a CID passe a seguir os critérios do DSM? Sim. Existe uma decisão preliminar por parte da CID de que eles não vão mais desenvolver um manual com diretrizes clínicas ou critérios de diagnóstico para cada doença. Eles vão, na verdade, apresentar protótipos para cada doença. São descrições para que o clínico possa ver quanto o caso que ele está atendendo se assemelha àquela diretriz. Os critérios objetivos de diagnóstico ficam, então, restritos ao DSM. Existe inclusive um comitê de "harmonização" dentro da CID para tentar emparelhar o máximo possível os critérios dos dois sistemas. O DSM-5 desistiu de criar algumas novas categorias, como o "transtorno da regulação do humor e do comportamento" [que busca sintomas de depressão bipolar na infância] e a "síndrome do risco de psicose" [que busca sintomas de esquizofrenia na infância]. Os critérios para diagnosticar esses males falharam nos testes com pacientes? Primeiro é preciso notar que houve uma mudança no processo de revisão. No DSM-4, os testes de campo tinham buscado a validade do diagnóstico, mas no DSM-5, por questões logísticas e financeiras, os testes foram restritos a dois outros aspectos. Um deles era avaliar a confiabilidade dos critérios para teste-e-reteste. Isso é feito para confirmar se um conjunto de critérios resulta no mesmo diagnóstico ao ser aplicado em um paciente em dois momentos diferentes. O outro aspecto era avaliar a utilidade clínica do diagnóstico. Precisávamos saber se os critérios de diagnósticos propostos pelo comitê seriam palatáveis e clinicamente adequados nas mãos de um psiquiatra clínico com treinamento usual. No final dos testes, alguns diagnósticos apresentaram confiabilidade muito baixa. Além dos dois que mencionaste, também não se qualificaram o "transtorno misto de ansiedade e depressão" e a "autoagressão não suicida". Agora essas categorias provavelmente irão para a seção 3 do manual, designada àquelas que precisam de mais dados para que possam ser ser consideradas diagnósticos psiquiátricos. O diagnóstico do "transtorno da regulação do humor e do comportamento" teve uma confiabilidade modesta --um grau acima da ruim--, mas será mantido, em função da qualidade de pesquisa que já existe sugerindo a validade do diagnóstico. Isso leva em conta que existe um grupo de crianças nos EUA e em outros países que estão recebendo diagnóstico do "transtorno do humor bipolar", mesmo sem ter uma característica essencial, a episodicidade --a alternância de fases com sintomas maníacos e depressivos. E existe hoje um grupo de crianças com outros sintomas, mas sem a episodicidade, que acabam sendo diagnosticadas como tendo transtorno bipolar "sem outra especificação" [diagnóstico feito por exclusão]. A partir de agora, essas crianças recebem um espaço dentro do sistema classificatório porque elas claramente têm um quadro psiquiátrico grave que requer atenção. Os critérios para diagnosticar crianças com TDAH (transtorno do déficit de atenção por hiperatividade) foram muito criticados. O receio é que eles ampliem o que seria uma falsa epidemia e que crianças saudáveis passem a ser medicadas com o estimulante ritalina. O que muda no DSM-5? Nessa área eu tive, de fato, uma participação direta no processo. Em primeiro lugar, posso dizer que sempre que se pensou em qualquer reformulação dos critérios de diagnóstico para TDAH, houve uma preocupação com a explosão da prevalência, que foi chamada de "epidemia". Algo que precisa ficar claro é que TDAH é um conceito dimensional na população. Não existe um divisão entre o grupo dos "atentos" e o grupo dos "desatentos". O transtorno é um conceito gradual, como o de altura ou pressão arterial. O que fazemos com a TDAH é colocar um ponto de corte a partir do nível de intensidade em que os sintomas causam prejuízo funcional na vida do indivíduo. Houve duas principais modificações no DSM-5 que podem impactar na prevalência do transtorno. A primeira é com relação ao início dos sintomas. O DSM-4 exigia que prejuízos funcionais causados pelos sintomas do TDAH estivessem presentes na vida indivíduo antes dos sete anos de idade para o diagnóstico ser dado. O que temos visto, porém, é que existe um grupo significativo de crianças --principalmente aquelas com predomínio da desatenção sobre hiperatividade e impulsividade-- nas quais os sintomas só ficam evidentes quando entram na escola, porque é na sala de aula que existe uma demanda atencional mais clara. O que acontece é que mesmo com essas crianças tendo um quadro de TDAH com predomínio de desatenção, mesmo tendo um perfil de comorbidade similar, mesmo tendo prejuízo na vida tão grande quanto aquelas que manifestavam sintomas antes de sete anos, mesmo tendo resposta similar ao tratamento, mesmo tendo histórias de família similares, elas acabavam ficando de fora do diagnóstico do TDAH. Além disso, quando se faz o diagnóstico em adultos, é muito difícil que um adulto de 40 anos se lembre exatamente se tinha ou não sintomas antes dos sete anos. Em estudos como o "National Comorbidity Survey Replication", Ronald Kessler avaliou o diagnóstico do TDAH em adultos e demonstrou que em 96% das vezes o diagnóstico estava presente antes dos 12 anos. O que o comitê fez foi deslocar a idade mínima de início dos sintomas de 7 para 12 anos. Outro trabalho importante foi publicado no periódico da AACAP (Associação Americana de Psiquiatria da Criança e do Adolescente) por Guilherme Polanczyk, que foi meu aluno de doutorado e hoje é professor da USP. Ele fez uma grande avaliação populacional na Inglaterra e mostrou que o deslocamento do critério de idade de início dos sintomas de 7 para 12 anos não implicava num aumento substancial da prevalência. A afirmação de que vai haver uma explosão no número de diagnósticos não é correta. É possível que a prevalência aumente um pouco, mas isso será produto da detecção correta de um grupo de crianças que, até então, estava excluído da possibilidade do diagnóstico mesmo tendo um quadro claro de TDAH com prejuízo funcional. A AACAP inclusive criticou a extensão do limite para 12 anos, porque eles queriam que expandíssemos para 18 anos. Nós tomamos uma medida conservadora, pensando na questão da explosão dos diagnósticos, e mantivemos o limite do critério em 12 anos, que era aquele mais bem sustentado por evidências. A segunda alteração está relacionada à possiblidade prevista pelo DSM-4 de excluir o diagnóstico do TDAH quando a criança é diagnosticada também com autismo ou outros tipos de TGD (transtornos globais do desenvolvimento). Vários trabalhos populacionais, porém, mostraram que há crianças autistas que apresentam, sim, sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade num grau causando prejuízo suficiente para merecer um diagnóstico de TDAH conjunto. Essas crianças respondem bem às medicações e intervenções indicadas para TDAH, mas não podiam recebê-las porque o DSM-4 impedia que elas se qualificassem para o TDAH e autismo ao mesmo tempo. Isso foi corrigido agora. Pode ser que a prevalência aumente um pouco, mas isso ocorrerá em razão da inclusão de um grupo que claramente necessita do diagnóstico para receber o atendimento adequado em países em desenvolvimento onde a indicação do tratamento está vinculada ao diagnóstico. Houve muita mudança nos critérios para diagnosticar o autismo? Pais temem que seus filhos não sejam mais considerados portadores de um transtorno e percam o direito a assistência médica. Primeiramente, é preciso entender que o processo de mudança não foi feito rapidamente. Cada grupo de trabalho teve reuniões por teleconferência, quase toda semana, durante quase três anos, além de vários encontros pessoais. Uma revisão da literatura sobre esses transtornos foi feita dentro de cada grupo de trabalho. As decisões não foram tomadas sem embasamento científico. No autismo, a ideia foi a de que o transtorno pudesse ser compreendido mais sob uma perspectiva dimensional, assim como o TDAH. Em vez de usar categorias claramente distintas, usamos um "espectro" autista e com isso abandonamos nomenclaturas que tratavam o problema como diferentes transtornos. A divisão era entre síndrome de Asperger, autismo, transtorno desintegrativo... Agora a nomenclatura vê "transtornos do espectro autista". No periódico da AACAP, Fred Volkmar mostrou que algumas dessas crianças, principalmente aquelas com diagnóstico de TGD sem outra especificação, poderiam ficar fora do diagnóstico. O impacto desse trabalho gerou muito debate, alimentado pela preocupação de pais de crianças com Asperger que temiam que seus filhos não se qualificariam mais para o diagnóstico. Mas isso não é verdade. Um artigo do grupo de trabalho de autismo do DSM-5 mostrou que, na verdade, essa constatação não tinha amparo. De qualquer forma, o resultado de toda a discussão foi manter a ideia do transtorno do espectro autista, mas levando em conta que aquelas crianças que já tem um diagnóstico anterior de TGD não especificado ou síndrome de Asperger pudessem ser incorporadas. A ideia não é excluir crianças do diagnóstico, mas ter uma compreensão mais real, mais moderna, dos transtornos autistas e do seu espectro. O receio de que crianças com Asperger deixem de se qualificar como portadoras de um transtorno, então, não se justifica? A ideia geral é que isso não aconteça, mas vamos precisar de mais trabalhos para ver efetivamente o desempenho dessa categoria de transtornos do espectro autista, para ver se ela está sendo tão inclusiva quanto necessário. A razão dessa questão mais restritiva é também o diagnóstico muito frouxo de TGD que é feito em muitos locais. Há 15 anos, nós tínhamos uma prevalência de 4 a 8 crianças autistas por 10 mil nascimentos. Hoje se fala em 1 criança com TGD a cada 200 ou 300 nascimentos. O que o grupo de trabalho procurou fazer foi delimitar de maneira muito clara o que é o espectro autista e riscar essas fronteiras de forma adequada para evitar diagnósticos frouxos de transtorno autista, Asperger e outros TGDs, que são diagnósticos graves para se aplicar a uma criança. O DSM-4 levou muito tempo para ser revisado. A APA vai atualizar o DSM-5 com mais frequência? O presidente e o vice-presidente da força-tarefa --David Kupfer e Darrel Regier-- dizem que o DSM-5 vai ser um documento "vivo", porque não faz sentido esperar 29 anos para os sistemas classificatórios passarem por revisões. Mas, para explicar a razão dessa demora, é preciso entender uma outra coisa. Eu e muitos outros colegas tínhamos uma crítica com relação ao processo. Quando entrei no esforço de revisão do DSM, eu tinha o desejo e a fantasia de que seria possível ter uma modificação de paradigma na forma de se fazer diagnóstico psiquiátrico. Nós queríamos a inclusão de marcadores neurobiológicos [sinais físicos do funcionamento do cérebro e do sistema nervoso] na prática clínica. Queríamos aproximar a psiquiatria de um estágio de desenvolvimento onde está a oncologia, por exemplo. Então, o desejo entre 2000 e 2005, quando entramos no processo, era que, em algumas situações, o diagnóstico pudesse se basear em marcadores neurobiológicos. O que aconteceu foi que, ao revisar o que existia de evidência científica dentro da área de psiquiatria, constatamos claramente que ainda não estamos prontos para uma mudança de paradigma. Isso gerou na comunidade científica uma certa sensação de frustração. Mas foi possível, porém, fazer algo extremamente importante: analisar o que poderia ser melhorado nos critérios diagnósticos e revisá-los à luz da medicina baseada em evidência, para torná-los mais válidos. Isso levou em conta tudo o que foi feito de pesquisa durante esses 29 anos. O problema é que não faz sentido esperar tudo isso para modificar um sistema classificatório. Então, é importante agora que o DSM tenha essa flexibilidade e essa agilidade maiores. Quando houver um grupo de dados consistente, baseado em evidências, mostrando que um critério não está adequado, é importante que essa modificação não tenha de esperar pelo processo de revisão de todo o manual para ser implementada. Uma crítica comum de psicólogos é que a falha em usar a biologia para diagnósticos sinaliza um momento de crise na psiquiatria? Na verdade, evoluímos bastante na compreensão dos aspectos neurobiológicos genéticos e fenotípicos [características observáveis] dos transtornos mentais. Quando analiso um grupo de crianças com TDAH e as comparo um grupo de crianças com desenvolvimento típico, depois as comparo com um grupo com transtorno do espectro autista, consigo ver aspectos neurobiológicos, de neuroimagem, genéticos e de resposta a tratamento que são diferentes entre os grupos. O que ainda não conseguimos fazer é a tradução dessas diferenças de grupo para um indivíduo específico, a ponto de os avanços em neurobiologia serem úteis no diagnóstico individual. Ainda não estamos no mesmo patamar de algumas áreas da medicina como a endocrinologia, a cardiologia ou a oncologia. Esse é o desafio da psiquiatria nos próximos anos. Isso não significa que estejamos em crise, mas significa que ainda não estamos no mesmo patamar de algumas áreas da medicina como a endocrinologia, a cardiologia ou a oncologia. Nesses campos, o conhecimento vindo das diferenças de grupo pôde ter suficiente validade preditiva positiva e validade preditiva negativa para auxiliar uma medicina mais personalizada e um diagnóstico mais individual. Nós estamos agora num momento em que esses dados ajudam a compreensão da neurobiologia do transtorno psiquiátrico, mas não nos ajudam no diagnóstico clínico. O diagnóstico psiquiátrico ainda tem de ser muito baseado no exame do estado mental, na história clínica do paciente e nos dados que conseguimos com familiares. Isso não significa que exista uma dicotomia entre psiquiatria e psicologia no manual. Enxergar uma dicotomia é ter uma visão limitada da área de saúde mental. Muitas vezes, um grupo da psicologia social, no Brasil e no exterior, tenta se valer disso para questionar a validade do diagnóstico psiquiátrico e desencadear toda essa discussão, afirmando que existe uma "medicalização da educação" e que os diagnósticos são "usados como rótulos". A meu ver, porém, esse grupo não representa a psicologia como um todo. Eles representam apenas uma determinada área da psicologia. Entidades de classe dos psicólogos reclamam que a revisão do DSM-5 foi muito restrita a psiquiatras. Eles não tem razão em reivindicar um papel maior? É difícil avaliar isso, porque eu teria de saber qual era o tamanho da participação esperada por essas entidades. Na maioria dos grupos de trabalho houve participação de psicólogos e de outros não psiquiatras. No grupo que trabalhou com TDAH, dois dos oito membros --Joel Nigg e Paul Frick-- eram psicólogos. Não é verdade, então, que não houve participação da psicologia. Houve até participação externa de psicólogos, porque os critérios de diagnóstico ficaram abertos para escrutínio público no site da APA por um longo tempo. Nós recebemos muitas críticas de psicólogos, e foram todas individualmente avaliadas para que fossem incorporadas às modificações, se fosse necessário. Houve uma participação de psicólogos como nunca tinha havido. Foi um processo muito mais aberto do que o do DSM-4. É válido discutir se a abertura foi suficiente e se a comunidade se sente confortável com ela, mas certamente foi um processo mais aberto do que qualquer outra revisão do DSM. Um estudo da Universidade Harvard indicou que há mais psiquiatras da força-tarefa do DSM-5 envolvidos com a indústria farmacêutica hoje do que na época da quarta edição. O conflito de interesses aumentou? A criação do DSM-5 é um processo que é embasado em ciência, mas é um processo que sofre forças de todos os lados. Enquanto um diagnóstico recebe crítica por ficar mais restritivo e deixar mais gente de fora, outro é criticado por ser mais inclusivo e acaba acusado de criar uma epidemia. As pressões são de todos os lados. Não tenho uma ideia clara de qual é o tamanho da pressão da indústria farmacêutica, mas posso dizer que a APA tomou medidas claras para tentar controlar ao máximo essa pressão da indústria. Ela determinou que a participação de pessoas no trabalho e no desenvolvimento do DSM-5 fosse dada com um limite claro de contato com a indústria. Os integrantes não poderiam receber mais de US$ 10 mil por ano da indústria nem ter mais de 5% da renda bruta vinda de qualquer relação com a indústria. Esse limiar é o mesmo adotado por várias outras associações médicas nos EUA. Acima disso, considera-se que a influência da indústria sobre o indivíduo --clínico ou pesquisador-- passa a ser significativa. A APA assumiu esse limite claro e avaliou cada membro, antes e durante o processo, para que esse limite no contato com a indústria fosse mantido. Isso tirou dos grupos de trabalho uma série de pessoas que tinham atuado no DSM-4 e até algumas pessoas que são consideradas experts em suas áreas. O artigo de Harvard tem um viés claro, porque entre 1990 e 1994, quando o DSM-4 estava sendo discutido, não era obrigatório para os membros revelar potenciais conflitos de interesse. Isso não era uma coisa discutida em detalhe pelos profissionais da área de saúde. Comparando o grau de interesses declarados feitos no DSM-5 com aqueles do DSM-4 em 1994, então, é óbvio que se enxerga um aumento, porque antes as pessoas simplesmente não eram obrigadas declarar. Existia uma certa insatisfação por parte dos clínicos com a forma com que o manual trata dos chamados "transtornos de personalidade" no manual. O que vai mudar agora? É provável que se pense numa redução do número de transtornos. Existiam uns dez transtornos de personalidade listados no DSM-4, e muitos não tinham uma confiabilidade adequada para teste-e-reteste. Por isso, era difícil que os clínicos concordassem. Uma das modificações que estão sendo propostas no DSM-5, também nessa área, é uma noção mais dimensional da questão de personalidade, para substituir os diagnósticos por categorias. Vão continuar existindo alguns diagnósticos de transtornos de personalidade, aqueles para os quais existe base de evidência um pouco mais forte. Dentre os quais estão o "transtorno de personalidade antissocial" e o "transtorno de personalidade borderline". A ideia é ampliar a noção de personalidade para trabalhar com constructos que sejam mais dimensionais e menos categóricos. A clássica figura do psicopata como portador de um problema mental continuará existindo, então? Isso foi discutido, e o transtorno de personalidade antissocial deve continuar existindo. Existe suficiente validade de diagnóstico para isso. Mas a questão mais discutida aqui era outra. O que debatemos é se seria possível levar o diagnóstico para a infância ou para adolescência. No DSM-4, o diagnóstico do transtorno de personalidade antissocial exige que o indivíduo tenha mais de 18 anos. Então, foi discutido se essa trava poderia ser em uma idade mais reduzida, o que teria implicações judiciais, porque existe também uma grande discussão sobre a imputabilidade de pessoas diagnosticadas com o transtorno. [A nova versão acabou mantendo o limite de idade em 18 anos.] Os novos critérios do DSM vão ajudar a melhorar a tensa relação entre psiquiatras e psicólogos? FOLHA DE SÃO PAULO EQUILIBRIO As modificações nos critérios de diagnósticos transcendem essa discussão. Elas não vão nem melhorar nem piorar essa tensão. As mudanças propostas são baseadas em evidência. Na minha visão, não existe essa animosidade entre psiquiatras e psicólogos. A tensão que existe é entre psiquiatras e um grupo de psicólogos que tem dominado as entidades de classe. Eles representam um grupo da psicologia social que não admite a possibilidade de diagnóstico psiquiátrico, o que não é a realidade da psicologia como um todo. Tenho bastante convivência com a psicologia dentro de meios universitários, com o pessoal da neuropsicologia e com diversas áreas clínicas, e não sinto animosidade por parte desses outros grupos. O que existe é um grupo específico da psicologia social que domina as entidades de classe da psicologia e, ao mesmo tempo, tenta desqualificar os diagnósticos em saúde mental. Não vejo isso como uma dicotomia entre psicologia e psiquiatria. Um dos grandes críticos do DSM-5 nos EUA foi Allen Frances, psiquiatra que tinha coordenado o DSM-4. O que esses ataques partindo de alguém tão próximo representaram para a APA? O exaustivo processo de revisão da evidência científica para o DSM-5, as análises secundárias que foram feitas dentro de cada diagnóstico com base em dados disponíveis e os testes de campo avaliando a utilidade clínica e a confiabilidade foram processos que em nada se diferenciam daqueles do DSM-4. Se Allen Frances se sentiu magoado por não ter sido convidado para participar do processo do DSM-5 é algo que tem de ser perguntado a ele. O que é mais importante o público leigo entender sobre as mudanças na psiquiatria? A mensagem é que o DSM-5 que vai aparecer em maio de 2013 é o melhor esforço possível, dado o grau de evidência científica disponível no momento, para que haja um avanço na forma de diagnosticar e de acolher os portadores de problemas de saúde mental. ________________________________________

domingo, 6 de janeiro de 2013

Educar da trabalho

Luiz Fernando Paes Dizer um não pode ser difícil mas é eficaz para quem educa. Nos tempos da ditadura, o autoritarismo governamental impedia que as pessoas se expressassem suas vontades e necessidades. Com o fim do regime militar, os adultos, receosos de serem autoritários, passam a o usar o sim com "mais" frequência, preocupados em não frustarem seus filhos, mas se esquecendo que a frustração é importante para desenvolver a personalidade e aos reveses da vida. Pai e mãe devem acompanhar diariamente a educação do filho. É muito comum ouvir do pai ou mãe na escola que desistiu de educar "deixei de lado não sei mais o que fazer". Essa sensação de impotência e consequência do distanciamento entre os integrantes da família. Outro problema comum acontece nas famílias muito pobres, onde mesmo de forma precária, as crianças tem acesso a computadores e celulares, em pouco tempo dominam essas tecnologias com conexão com internet. Os pais, muitos semi analfabeto, não conseguem acompanhar, pela facilidade e rapidez que os mais jovens aprendem, dificultando a comunicação entre geração de pais e filhos, já que os pais dificilmente conseguirão acompanhar os filhos no mundo digital. As instituições de ensino, principalmente as universidades que se dedicam às pesquisas, tem a importante função de desenvolver meios que facilitem a linguagem entre os pais e as crianças. Os pais ainda precisam ser os principais educadores, é na família que a criança busca seu modelo e constrói sua visão de mundo, onde passa a maior parte do tempo, portanto é principalmente da família que devem vir regras e limites bem claras de convivência e limite, base para construir bem estar social e mental da criança. Mesmo uma escola de boa qualidade não dará conta da tarefa de educar para a cidadania e qualidade de vida.

sábado, 5 de janeiro de 2013

A depressão infantil

Luiz Fenando Paes Crianças, como todo ser humano esta sujeita a ter momentos de tristezas, mas logo se distraem e vão brincar, é comum.

 Devemos ficar mais atento quando a criança começa a apresentar vários sinais de sofrimento em um espaço de tempo grande. Infecções sem uma causa aparente, pode estar relacionado com diminuição do sistema de defesa do organismo,o sistema imunológico, que esta ligado à saúde mental da criança,se ela esta feliz tende a estar mais resistente.

 Desinteresse em sair de casa, mesmo para passear, sono excessivo. A falta de apetite em algumas crianças, que geralmente já são magras, pode se acentuar em caso de depressão. O inverso pode acontecer, uma criança acima do peso, repentinamente passa comer compulsivamente.

Tristeza por mais de um dia, irritabilidade além do usual, não se divertir com coisas que geralmente gostava de fazer, regressão no comportamento, sentir-se cansado sem ter realizado muitas atividades, dificuldade para dormir.

Também, de acordo com a Fiocruz, são sinais de depressão infantil: Sintomas: * Sentimentos de desesperança. * Dificuldade de concentração, memória ou raciocínio. * Angústia. * Pessimismo. * Agressividade. * Falta de apetite. * Tronco arqueado. * Falta de prazer em executar atividades. * Isolamento. * Apatia. * Insônia ou sono excessivo que não satisfaz * Desatenção em tudo que tenta fazer. * Queixas de dores. * Baixa auto-estima e sentimento de inferioridade * Idéia de suicídio ou pensamento de tragédias ou morte. * Sensação freqüente de cansaço ou perda de energia * Sentimentos de culpa. * Dificuldade de se afastar da mãe. A escola é um bom indicativo da saúde emocional,

Um professor(a) mais atento pode ajudar. Alteração de comportamento, diminuição nas notas, distância dos colegas na sala ou no intervalo, na hora de formar grupos de trabalho escolar, nas manifestações artísticas, como um desenho.

 Manter o diálogo com os pequenos é a melhor maneira de saber como andam suas cabecinhas, afinal conversar nunca é demais e depois é preciso resistir aos excessos de atividades de lazer individualizados.

 Ter um horário mais reduzido para computador e TV, e se possível, não ter TV e computador no quarto, principalmente com porta fechada, é trabalhoso, mas vale a pena. Criança geralmente é agitada e alegre, portanto mais de um dia em que a criança esteja muito quieta, precisa de uma atenção maior dos pais.