quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Sexualidade Revista Veja)
Homossexualidade pode ser influenciada pela epigenética
Ricardo Carvalho (Revista Veja)
Pesquisa afirma que a orientação sexual pode estar ligada a marcadores epigenéticos que regulam a sensibilidade à testosterona e são transmitidos de pais para filhas e de mães para filhos
Estudo tenta entender qual o componente biológico na definição da orientação sexual das pessoas (iStockphotoItem )
Do ponto de vista evolutivo, o fato de a homossexualidade ser algo bastante comum na sociedade humana, ocorrendo em cerca de 5% da população mundial, é intrigante. Como homossexuais produzem menos prole do que heterossexuais, uma possível variação genética relacionada à homossexualidade dificilmente seria mantida ao longo das gerações. "Isso é muito enigmático a partir de uma perspectiva evolucionária: como a homossexualidade pode existir em uma frequência tão alta a despeito do processo de seleção natural?", diz em entrevista ao site de VEJA Urban Friberg, do departamento de Biologia Evolutiva da Universidade de Uppsala, na Suécia. Friberg, ao lado de William Rice, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, e Sergey Gavrilets, da Universidade do Tennessee, ambas nos Estados Unidos, pode ter encontrado uma resposta: o fator biológico ligado à homossexualidade não estaria na genética propriamente dita, e sim em um conceito conhecido por epigenética. Os resultados foram publicados nesta terça-feira no periódico científico The Quarterly Review of Biology.
A epigenética trata de modificações no DNA que sinalizam aos genes se eles devem se expressar ou não. Esses marcadores não chegam a alterar nossa genética, mas deixam uma marca permanente ao ditar o destino do gene: se um gene não se expressa, é como se ele não existisse.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Homosexuality as a Consequence of Epigenetically Canalized Sexual Development.
Onde foi divulgada: The Quarterly Review of Biology
Quem fez: William Rice, Urban Friberg e Sergey Gavrilets
Instituição: Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, Universidade de Uppsala e Universidade do Tennessee.
Resultado: O artigo estudou um possível componente hereditário para, a partir de um ponto de vista evolutivo, explicar a homossexualidade. Os três autores montaram um modelo segundo o qual uma marca epigenética (epimarca), que regula a sensibilidade à testosterona em fetos, pode ser transmitida de mãe para filho e de pai para filha e influenciar na orientação sexual.
Essa nova teoria vai ao encontro de outra tese mais antiga, a de que a homossexualidade é definida, ao menos em parte, por um componente hereditário. Pelo menos quatro grandes estudos, publicados em 2000, 2010 e 2011, nos periódicos Behavior Genetics, Archives of Sexual Behavior e PLoS ONE, apontam para esse fator na origem da orientação sexual, a partir de estudos com gêmeos monozigóticos (também chamados de idênticos ou univitelinos, produtos da fertilização de um único óvulo) e dizigóticos (também chamados de fraternos ou bivitelinos, produtos da fertilização de dois óvulos diferentes).
Epigenética — Imagine o material genético humano como um manual de instruções. Os genes formariam o conteúdo do livro, enquanto as epimarcas ditariam como esse texto deveria ser lido. "A epigenética altera e regula a forma como os genes se expressam", explica a geneticista Mayana Zatz, do departamento de Genética e Biologia Evolutiva da Universidade de São Paulo (USP). É por meio dos comandos epigenéticos, por exemplo, que o pâncreas fabrica apenas insulina, apesar de as células nesse órgão terem genes para a produção de muitos outros hormônios.
Acreditava-se que os traços da epigenética não eram hereditários, sendo apagados e recriados a cada passagem de geração. Como pesquisas nas últimas décadas mostraram que uma fração de epimarcas é, sim, passada de pais para filhos, Friberg, Rice e Gavrilets julgaram ter encontrado a peça que faltava para montar o quebra-cabeça.
Sensibilidade – Os três criaram um modelo segundo o qual uma dessas epimarcas transmitidas hereditariamente é o marcador responsável por regular a sensibilidade à testosterona de fetos no útero materno. Ao longo da gestação, tanto fetos masculinos quanto femininos são expostos a quantidades variadas do hormônio, sendo que o fator epigenético estudado no artigo torna o cérebro dos meninos mais sensíveis à testosterona quando os níveis estão abaixo do normal. Isso acontece para preservar características masculinas, podendo inclusive influir na orientação sexual. O mesmo ocorre, mas inversamente, com as meninas. Quando a testosterona está acima do normal, a epimarca funciona como uma barreira, diminuindo sua sensibilidade ao hormônio.
A partir desse modelo, a homossexualidade poderia ser explicada pela transmissão de epimarcas sexualmente antagônicas. Ou seja: quando o pai transmite seus marcadores, que tiveram a função de torná-lo mais sensível à testosterona, para uma filha. De igual maneira, esse material hereditário pode ser passado de uma mãe para um filho, tornando-o menos sensível à testosterona.
"Quando os efeitos desse mecanismos (que regulam a sensibilidade à testosterona) não são apagados entre as gerações, eles se expressam na prole do sexo oposto. Isso pode resultar em indivíduos que desenvolvem preferências sexuais pelo mesmo sexo", explica Friberg, da Universidade de Uppsala. "O que fizemos foi colocar pela primeira vez o conceito da transmissibilidade epigenética no contexto de desenvolvimento sexual."
O pesquisador faz questão de ressaltar que ainda não se pode provar que a epimarca específica da sensibilidade à testosterona é hereditária. Para tanto, testes específicos precisarão ser realizados. "Uma grande solidez do nosso estudo é que o modelo epigenético para a homossexualidade faz predições que são testáveis com tecnologia já existente. Se o nosso modelo estiver errado, pode ser rapidamente descartado", escrevem os autores no artigo do The Quarterly Review of Biology.
Outro pesquisador envolvido, Sergey Gavrilets, da Universidade do Tennessee, afirma que mesmo que a teoria da hereditariedade seja respaldada por futuros estudos, o debate está longe de acabar. "A hereditariedade explica apenas parte da variação na preferência sexual. As razões, que podem ser sociais, culturais e do ambiente, permanecerão como um tópico de intensa discussão."
"Estudo positivo" – Carmita Abdo é coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Ela destaca que a nova pesquisa é positiva, uma vez que contribui para a melhor compreensão dos fatores biológicos envolvidos na ocorrência da homossexualidade. "O trabalho é importante porque reforça uma ideia cada vez mais prevalente: a de que a genética — no caso a epigenética — tem influência sobre a orientação sexual."
Essa compreensão científica tem sido importante, segundo Carmita, no combate a mitos que envolveram o tema e que alimentaram interpretações preconceituosas. "Até pouco tempo atrás, achava-se que a orientação sexual era proveniente de uma escolha, como se deliberadamente o indivíduo optasse por ser homossexual. Muito do preconceito contra os homossexuais advém daí", afirma, lembrando que até o início dos anos 90 a homossexualidade era tratada como um transtorno de preferência, e não como uma característica. "Observar um fenômeno pelas lentes da ciência muda a compreensão e ajuda a deixar de lado certas discriminações. Nesse caso em particular, você remove da equação a ideia de que o homossexual é responsável por uma opção que muitos veem como negativa, pejorativa."
Ela ressalva, entretanto, que ainda existe muita incerteza no campo e que a orientação sexual precisa ser encarada como produto de vários fatores. "O estudo reforça a ideia segundo a qual existe uma predisposição que vai ser confirmada ou não a partir de uma serie de influências que vão ocorrer ao longo da vida, algumas delas de ordem cultural, educacional e social. Ele não consagra uma interpretação determinista, nem diz que tudo depende dos genes"
"Nosso objetivo é entender como as preferências sexuais se desenvolvem e evoluem"
Urban Friberg
Professor do Departamento de Biologia Evolutiva da Universidade de Uppsala, na Suécia
Qual o principal objetivo da pesquisa?
Assume-se que indivíduos homossexuais produzem menos prole do que heterossexuais. Qualquer codificação genética para homossexuais deveria, portanto, ser rapidamente removida no processo de seleção natural. Apesar disso, a homossexualidade é relativamente comum entre humanos (cerca de 5%). Além do mais, os melhores estudos disponíveis mostram que há um componente hereditário na homossexualidade. Isso tudo é muito intrigante de uma perspectiva evolucionária: como a homossexualidade pode existir em frequências tão significativas apesar da seleção contra ela? O objetivo da nossa pesquisa foi simplesmente tentar resolver esse enigma, o que nos ajuda a entender como as preferências sexuais se desenvolvem e evoluem.
Como a mudança de foco de genética para a epigenética pode ser explicada?
Nossa principal contribuição é trazer uma explicação lógica para o porquê de a homossexualidade ser algo tão frequente – e para tanto nós mudamos o foco, como causa da homossexualidade, de genes para epimarcas. Nossa teoria sugere que a homossexualidade é resultado de um mecanismo que ajuda as pessoas a desenvolver a preferência por indivíduos do sexo oposto. Quando os efeitos desses mecanismos (epimarcas) não são apagados entre as gerações, eles se expressam na prole do sexo oposto. Isso pode resultar em indivíduos que desenvolvem preferências sexuais pelo mesmo sexo.
Como a comunidade científica lida com genética e homossexualidade?
Houve diversos estudos nos quais os pesquisadores tentaram encontrar genes associados com a homossexualidade. Tais estudos falharam e nenhum gene foi identificado. O resultado disso tudo é intrigante, uma vez que a homossexualidade tem um componente hereditário. Nossa teoria, porém, é capaz de explicar por que a homossexualidade é tão comum e tem um componente hereditário, sem nenhuma codificação genética para esse traço.
Encontrar uma possível explicação biológica ajuda a combater o preconceito?
Atualmente, algumas pessoas acreditam que a homossexualidade é uma escolha pessoal e que indivíduos homossexuais podem ser ensinados a escolher de forma diferente a sua orientação sexual. Eu acredito que encontrar as raízes da preferência sexual mina tais mitos e ajuda as pessoas a melhor entender e aceitar a homossexualidade.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
Para muita gente, saber que alguém é negro já é o bastante
23/12/2012 -
Leonardo Sakamoto
Há amigos que nunca foram parados em uma blitz policial. Normalmente, são brancos, caucasianos, bem vestidos, jeito de bom moço ou moça, com todos os dentes ou próteses bem feitas, dirigindo veículos que estão nos comerciais bonitos de TV. Aqueles com montanhas nevadas e cervos.
Um deles, por exemplo, me explicou que pilota uma moto há tempos sem habilitação. “A polícia não para de jeito nenhum.” Enquadra-se perfeitamente na categoria acima descrita.
Recentemente, um rosado conhecido foi parado em uma batida. Ficou transtornado. “Como se atrevem? Acham que sou um qualquer?”
Por outro lado, há aqueles que cansaram de cair na malha fina da polícia. Quase sempre, negros ou pardos.
De tanto ser parado, um outro conhecido já encara como hábito. Perguntei se isso não o revoltava. Explicou, com um certo cansaço, que, desde moleque, era sempre a mesma coisa. Então, se acostumou. Já chegou a cair em duas batidas na mesma noite. Procuravam um meliante.
A Folha de S.Paulo, deste domingo (23), traz um caderno discutindo a questão das cotas. Nele, debate as diferenças entre o perfil genético de estudantes entrevistados e o que eles autodeclaram. Explica que, às vezes, filhos de pais de pele cor parda nascem brancos ou negros. Ou, por vezes, uma pele negra esconde um perfil genético com grande participação de ancestralidade europeia. Mostrando que a história de cada família é mais complexa do que se imagina.
Na minha opinião, a questão genética não deveria influenciar. O preconceito não se traduz quando alguém tem conhecimento da ancestralidade do outro, mas ao observar a cor ou diferenças étnicas. Porque mesmo que essas diferenças visuais digam pouco sobre a origem da pessoa, séculos de racismo deram um significado bem claro para determinada cor de pele. E isso não pode ser alterado sem enfrentamento.
Na prática, muitos não esperam para perguntar o perfil genético do rapaz negro que vem no sentido contrário na rua escura. Simplesmente, atravessam para o outro lado ou correm. Balas perdidas com o DNA da polícia não são guiadas pelo perfil genético e pouco se importam que um rapaz de pele negra tenha 70% de ancestralidade europeia. Talvez, posteriormente, o legista ache interessante.
E a herança desse preconceito não precisa ter sido sentida por gerações e mais gerações. Se uma criança nascer com a pele mais escura que sua família vai sofrer preconceito na sociedade mesmo que seus pais não tenham sofrido. Se for pobre, pior ainda. Tomando como referência a média salarial, os valores pagos para uma mesma função na sociedade coloca, em ordem decrescente: homem branco rico de um lado e mulher negra pobre do outro.
Para Walter Benjamin, passado e presente são uma coisa só. No bafo da pessoa que está viva respiram também as pessoas do passado. Ao me relacionar com os outros, não faço isso só. Imprimo séculos de biografias, séculos de acomodação cultural, de preconceitos e medos, reforçadas pela imagem do que sou hoje. Não só a genealogia pesa sobre os ombros, mas também a história e as condições sociais do país. De certa forma, no “agora” está presente toda a história humana.
A Justiça que se pretende fazer com políticas de cotas não é apenas a de saldar a dívida de uma escravidão mal abolida com os descendentes dos negros escravizados que não foram inseridos como deveriam no pós Lei Áurea. Mas sim a tentativa de mudar o pensamento e a ação de uma sociedade, ainda calcada na relação Casa Grande e Senzala, que trata as pessoas de forma desigual por sua cor de pele.
Ou alguém duvida que, no fundo, Joaquim Barbosa não sofra preconceito por ser negro, mesmo ocupando a cadeira de presidente de nossa Suprema Corte? Quem duvida, leia as entrelinhas e os interditos nas palavras de políticos, de todas as agremiações, e de alguns colegas da mídia sobre ele.
Afinal, para muita gente, saber que alguém é negro já é o bastante.
domingo, 23 de dezembro de 2012
A morte de nossos jovens, vergonha nacional.
Luiz Fernando Paes
Prováveis causas do aumento das mortes violentas entre crianças e jovens: -
-Melhoria coletas de dados e das estatísticas
-Mais investimentos em repressão do que em prevenção
- naturalização” e aceitação social da violência, como a “culpabilização da vítima justificando a violência dirigida, principalmente, a setores subalternos ou particularmente vulneráveis que demandam proteção específica.
-Dificuldade das escolas em manter diminuir a evasão escolar
-Aumento do consumo de álcool e drogas, que tem feito da própria casa da criança e do jovem um lugar inseguro
-Falta de divulgação dos dados e esclarecimento à população de que a grande desigualdade social deve ser combatida por todos, matar não resolve, apenas produz pessoas mais violentas. Assim como em alguns países acredita-se que uma “limpeza étnica” resolveria os conflitos internos da região, muitas pessoas de nossa sociedade, acreditam, de forma equivocada, que matar os jovens vai resolver o problema da violência.
-Falta de implementação de políticas públicas e estratégia, que permitam a inserção do jovem na sociedade
-Falta de divulgação pela imprensa de experiências que ajudem a promoção de experiências inovadoras, seja do Brasil ou no exterior
Segundo pesquisa com dados do ministério da Saúde o assassinato de crianças e jovens tem aumentado significativamente nos últimos anos. Desde 1980, aumentou 376%. No mesmo período, entre 1980 e 2010, os homicídios como um todo cresceram 259%.
Segundo dados são do "Mapa da Violência 2012 - Crianças e Adolescentes do Brasil".
Um dado que chamou a atenção do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, coordenador da pesquisa, foi quanto os homicídios de jovens representava no total de mortes. Em 1980, eles eram pouco mais de 11% dos casos de assassinato. Já em 2010, 43%.
Para Jacobo “epidêmica”. “A taxa de homicídios entre jovens está três vezes acima da média internacional. Ainda é muito elevada se levarmos em conta o contexto externo”. As epidemias e doenças infecciosas , principais causas de morte de jovens há cinco décadas, foram gradativamente substituídas por “causas externas”, tais como acidentes de trânsito e homicídios.
Segundo a pesquisa de Jacobo, (http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001351/135104porb.pdf), 93% das vitimas são homens e negros. Isso mostra claramente que nosso país ainda esta longe de superar a terrível experiência de nosso passado escravagista e que ainda pessoas são estigmatizados de forma cruel, pela cor de sua pele.
De acordo com Jcobo Waiselfisz, somente políticas públicas específicas podem reduzir os índices: “A maior parte dos jovens não tem acesso a benefícios sociais básicos, como educação, trabalho, saúde. Esse tipo de exclusão provoca contornos de violência. Prova disso é que os estados mais violentos não são os mais pobres, mas aqueles onde há maior concentração de renda e conflitos entre riqueza e pobreza”.
Por um lado observamos a queda dos índices de mortalidade infantil, decorrente da melhoria dos serviços referentes ao atendimento pré-natal, o mesmo não acontece com a juventude das localidades mais carentes,em cidades riquíssimas como São Paulo, ou seja, os jovens estão sendo “eliminados” antes de chegar a vida adulta.
Segundo pesquisa do Instituto Sangari, o estudo “Mapa da Violência 2011 – Os Jovens do Brasil” mostra que entre 1998 e 2008 o homicídio foi a causa da morte de 39,7% dos jovens no Brasil. Na população adulta, 1,8% dos óbitos foi causado por homicídios.
Segundo dados são do Mapa da Violência 2012, Crianças e Adolescentes do Brasil, publicado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais e pelo Centro Brasileiro de Estudos da América Latina
2010, 8.686 crianças e adolescentes foram vítimas de homicídios no país, o que representa 11,5% do total de mortes de pessoas com idade até 19 anos. O índice de homicídios vem aumentando vertiginosamente nos últimos anos, alcançando o patamar de 13,8 homicídios para cada 100 mil jovens. Entre aqueles com 19 anos, a taxa aumenta para 60,3 a cada 100 mil. Os números colocam o Brasil no 4º lugar no ranking de países com mais assassinatos de jovens.
Nós estamos perdendo nossos jovens para o crime organizado, para a má administração do dinheiro público, para uma sociedade desigual, uma policia despreparada e desvalorizada.
Nosso grande patrimônio, nossos jovens, precisam ser vistos como cidadãos de direito, com oportunidades para desenvolver seu potencial, para que possam construir um pais mais justo.
terça-feira, 4 de dezembro de 2012
sábado, 1 de dezembro de 2012
Educação sexual na escola é 'fundamental' para desfazer mitos; confira dúvidas dos adolescentes
Cristiane Capuchinho
Do UOL, em São Paulo
Apesar do aumento de fontes de informações, os adolescentes mantêm muitos fantasmas sobre a sexualidade. Essa é a conclusão do consultor de educação sexual Marcos Ribeiro, após realizar uma série de debates em colégios do Rio de Janeiro.
"O que mais nos preocupou foi em relação à prevenção, ao uso de camisinha. Os garotos ainda trazem o mito (pensamento mágico) de que 'isso não vai acontecer comigo'. Usam o discurso de que 'conhecem a garota' ou, em alguns casos, disseram que o 'bom é pele a pele'. Associam a Aids, por exemplo, como algo distante, da realidade deles", afirma Ribeiro.
Para o consultor, a escola é, sim, lugar para falar sobre sexo e é "fundamental ter programas de educação sexual nas escolas em parceria com os pais voltados para esse público".
O consultor convidou o ator David Lucas, 17, para conversar com adolescentes e ver quais são as dúvidas mais frequentes dos jovens. Dos debates nasceu o livro "Tribo Adolescente" (Planeta Jovem), que responde perguntas coletadas e dá dicas de como o assunto pode ser tratado por professores.
Confira algumas das dúvidas que atormentam os jovens:
Qual a frequência certa para a pessoa se masturbar?
A gente tem que ter cuidado ao dizer o que é "certo" e "errado". Isso porque cada pessoa tem um "relógio interno" muito próprio e um prazer individual que decide o que é mais apropriado. Por isso, a frequência "normal" vai depender do ritmo "ideal" para cada um.
A menida pode engravidar na primeira vez?
Pode sim. Se ela estiver num período fértil (o ovócito saindo do ovário e caminhando pela tuba uterina) e não usarem nenhum método para evitar uma gravidez, como a camisinha, pode acontecer de ocorrer a fecundação, mesmo que ela esteja tendo relação pela primeira vez. Uma vez só é suficiente para ocorrer uma gravidez.
Qual a idade ideal para a primeira relação?
Não há receita. O que se deve repetir é: tenham responsabilidade. Quando a garotada está com muita dúvida, certamente não é o momento certo.
Como pedir para ele usar camisinha se é nossa primeira transa e eu tenho medo de que ele ache que não confio nele?
Antes de pensar o que ele vai achar, você precisa se proteger. Diga a ele que quem ama cuida e quem cuida ama. E se o carinha desistiu de você -- ou a menina, porque o cara só transa se for de camisinha --, certamente não era a pessoa certa. Legal é o garoto e a garota que só transa de camisinha.
A camisinha comigo já estourou...
Talvez ela não esteja sendo usada adequadamente. A camisinha está sendo guardada de forma adequada? Será que ao abrir a embalagem com os dentes você não danificou a camisinha? Vocês estão apertando a ponta e tirando o ar? Isso é fundamental, porque se não for feito ela tem tudo para estourar por causa do ar que fica em seu interior.
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