Luiz Fernando Paes
Há uma grande indefinição quando se refere a gravidez, talvez pela falta de um estudo mais completo ou uma reflexão do que leva uma mulher a engravidar.
A gravidez toma contornos ainda mais imprecisos quando se trata da gravidez na adolescência.
Apenas uma vez uma estudante adolescente disse me que planejava uma gravidez com o namorado. O namorado e ela conversaram sobre o assunto, pensaram nas conseqüências de uma gravidez nas condições em que estavam, e assumiram as responsabilidades pertinentes à paternidade e maternidade naquele memento da vida.
Este fenômeno tão complexo tem mostrado que é muito difícil precisar o que faz com que as meninas engravidem em uma período de vida em que seria de descobrir e explorar o mundo, estudar, passear, conhecer pessoas novas.
Nem mesmo definir o termo para uma gravidez das meninas é tarefa fácil:
Quando a gravidez da menina é chamada de precoce, esta denominação não contempla a realidade de vida das famílias cujas mães também tiveram seus filhos ao treze ou quatorze anos, e tratam a gravidez na tenra idade como algo comum entre as mulheres da família.
Falar em gravidez indesejada demanda de uma complexidade considerável, visto que ser impossível mensurar o desejo feminino de ser mãe, diante da subjetividade de tal situação, via interpretação sociológica, antropológica, psicológica ou biológica.
Onde se encontra o desejo de ser mãe? Mesmo uma menina que diz que não gostaria de ser mãe e fica perplexa ao saber que esta grávida, pode ter desejado esta gravidez inconscientemente.
E vale a pergunta: quantas mulheres planejaram sua gravidez?
Quando nos referimos a gravidez como inoportuna talvez alcancemos uma maior possibilidade de ampliar a discussão, mas temos que fazer a pergunta: a gravidez é inoportuna para quem? Para a adolescente, a família ou para a sociedade?
A gravidez e a educação familiar
Como educar os filhos para que tenham uma vida sexual prazerosa e responsável.
Não se trata de educar os filhos para dizerem não ou sim ao sexo, nem os meninos, nem meninas. Mas para que eles saibam que, na hora do sim, eles é que serão responsáveis por isso, por cuidar de si e do parceiro. Ensina-los que sexo é uma das melhores coisas da vida. Mas como tudo na vida, tem o compromisso com a responsabilidade pela liberdade, assumir conseqüências.
Ensiná-los a serem responsáveis pelos seus atos e assumir na prática, conversar com o companheiro, explicar a importância de se relacionar com alguém que lhe respeite, não se expor a riscos e violências.
É importante proporcionar condições aos filhos para que façam escolhas que contribuam para seu amadurecimento e das pessoas com quem eles se envolvam.
E os meninos? Porque nenhuma mãe ou pai explica ao filho que ele também tem o direito de dizer não? Que ele, assim como as meninas, não precisam fazer sexo para provar alguma coisa? Que eles também tem obrigação de se cuidar e se respeitar? A partir do momento em que se ensina a uma menino que o valor de um homem não é medido pela quantidade de meninas que ele consegue, dá para esperar que ele aprenda a dizer não.
Gravidez e gênero
As preocupações relacionadas a gravidez geralmente estão voltadas às meninas. Comumente são elas responsabilizas ou "culpadas" quando o assunto é gravidez. Falta aos meninos mais atenção nesse sentido. Eles são estimulados a conquistar o maior numero de meninas, mas quando alguma coisa não vai bem em seus relacionamentos, ficam apavorados e confusos , sem saber como lidar com a situação.
Uma questão importante é referente aos dados do IBGE mais recentes, demonstram que os jovens são as principais vitima da violência, a maior causa de morte destes meninos. Com uma expectativa tão curta de vida, eles esperam engravidar suas namoradas o mais rápido possível, na esperança de terem a continuidade de sua vida nesta criança.
As meninas são educadas diferentes dos meninos. Elas ainda não se sentem preparadas para dizer não quando os meninos querem fazer sexo sem camisinha ou cedem a pressão dos meninos, mesmo sem estarem dispostas ao relacionamento sexual.
Uma outra questão importante é o fato, de alguns pais forneceram camisinha ao filho, e nunca fala a menina sobre sexo ou leva-a a uma visita ao ginecologista.
Construção da identidade
Gravidez também pode ser explicada como uma das formas de meninas e meninos tentarem ser reconhecidos como adultos e terem um espaço na sociedade.
A informação quanto aos métodos anticoncepcionais não basta para diminuir a incidência desse problema.
Acompanhamento de cada jovem pela família, pela escola, ou por programas de institucionais (centro de saúde, assistência social), contribui para que o jovem se sinta mais “fortalecido” na hora de fazer suas escolhas.
A gravidez não acontece somente nas classes sociais mais humildes
Um tabu comum diz que muitas dessas adolescentes que engravidam vivem em uma família desestruturada onde não encontram carinho.
O fenômeno da gravidez aparece mais nas classes sociais onde as meninas por razões religiosas e sociais, acabam na maioria das vezes, assumindo a gravidez com a ajuda da família. Nas classes sociais mais privilegiadas, a família exerce forte pressão para que não prossiga a gravidez,e os dados nunca são revelados sobre estas meninas,já que elas não são encaminhadas para o serviço público e sim para clinicas particulares, o que dificulta o acesso aos dados sobre elas.
Atração pelo risco, curiosidade sobre o ato sexual e preocupação se seu corpo pode engravidar
O excesso de valorização da sexualidade nas crianças, prática essa que se intensificou com os programas para o público infantil no Brasil no final dos anos 89 e nos anos 90, deixou suas marcas naquela geração de crianças e nas futuras.
Falta de maturidade para assumir que esta tendo uma vida sexual
O excesso de valorização da sexualidade nas crianças, prática essa que se intensificou com os programas para o público infantil no Brasil no final dos anos 89 e nos anos 90, deixou suas marcas naquela geração de crianças e nas futuras.
Falta de maturidade para assumir que esta tendo uma vida sexual
Por mais que o sexo seja tratado como um assunto comum na atualidade, repressão, o medo dos familiares, faz com que muitos adolescentes tenham uma vida sexual clandestina. Não assumindo sua vida sexual, também não assumem os cuidados necessário para que tenham qualidade e saúde sexual.
Ainda a muito que se estudar sobre as questões da gravidez na adolescência, por se tratar de um fenômeno que envolve muitas causas e demanda politicas públicas voltadas para os jovens e a contribuição das famílias e da sociedade.
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