quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Brasileiros realmente admiram a França e o povo francês

Luiz Fernando Paes

Os valores franceses causam admiração dos brasileiros, como sua fé na democracia, na forma como fazem política.  Podem imaginar um país onde alguns políticos, como prefeito de uma região de Paris, não recebem salário nem mordomias?  Pude ver um prefeito de uma cidade francesa, próxima de lyon, realizar um casamento num sábado a tarde.

O espírito de tolerância, também prevalesse. O interesse público, o bem coletivo sobrepõe ao particular, aplicação responsável dos recursos públicos.

Paga-se muito imposto, mas os serviços oferecidos pelo governo são de qualidade, por isso as pessoas não se revoltam.

Os índices de assassinatos são baixíssimos, como em  quase toda a Europa. Valoriza-se muito a vida.


Se a Inglaterra foi a responsável pela revolução industrial,a França marcou seu espaço na historia por contrapor o absolutismo das monarquias.  A revolução de 1789, o século das luzes, modelo que incentivou e inspirou a independência de diversas nações por todo mundo, enfim dos valores do iluminismo.  Respeito aos valores republicanos, presentes em sua cultura, visão de mundo e na pratica diária.


O laicismo também é um componente importante neste povo. A proibição do véu islâmico em prédios públicos é uma decisão sobre a laicidade da nação.  Não há imposição de religião as pessoas, nas escolas em órgãos do governo. Situação diferente acontece no Brasil, que apesar do estado se declarar laico, existem muitos feriados religiosos, tenta-se colocar aula de religião nas escolas,  e sabemos que políticos fazem cultos religiosos até na  câmara dos deputados, símbolo do poder público federal.

Berço de grande  pensadores, escritores, filmes que além de qualidade, muitos conseguem fugir do clichês hollywoodianos.

A França é consagrada por defender a liberdade, pela proteção e respeito as minorias, além de ampliar os direitos humanos.

Tomara que com os ataques a Paris, em novembro desse ano, não aconteça um retrocesso em relação a todo esse processo de valorização da liberdade na historia francesa, rompendo o delicado equilíbrio entre liberdade e segurança, como vimos acontecer no atentado de 11 de setembro nos E.U.A, quando se restringiu os direitos das pessoas à liberdade, com o Ato Patriota, declarado pelo então presidente George Bush, que a partir desse ataque as Torres Gêmeas, usou como pretexto para agir fora das convenções internacionais.

O ataque a Paris não pode justificar uma declaração de guerra brutal na Síria e no Iraque, pois sabemos que as principais vitimas serão civis indefesos, como mulheres, crianças e idosos.

A maioria dos muçulmanos são tão pacíficos como de qualquer outra religião, não existe guerra santa, são mortes de indefesos que não pode ser justificada por motivo algum, por nenhum deus.

Vingança e ódio não podem ofuscar uma nação  e apagar seu brilho.

Que os franceses não façam como o governo norte americano,  com mentiras  e falsidade, semeando o ódio entre o povo norte americano contra religiões. Más lembranças do massacre aos vietnamitas e milhares de  jovens soldados norte americanos, o ataque ao Kwait mais recentemente e ao Iraque, com o pretexto de destruir armas químicas que nunca existiram.

Queremos, como muitas outras nações, continuar admirando todo os valores construídos ao longo de anos pelos franceses, e acreditamos que, embora tenhamos de conviver com a morte de 129 inocentes dos atentados recentes, a França continue  sendo o exemplo a ser seguidos por outras nações por sua integridade e valorização da vida.

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