sábado, 15 de maio de 2010

ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA

ORIENTAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA
Eva Lúcia da Costa Oliveira*
O tema sexualidade traz em si um paradoxo - de um lado fartamente veiculado pelos meios de comunicação e de outro, representando ainda um dos maiores tabus da sociedade. Presente em todos os seriados, novelas, filmes, comerciais, programas de entrevistas, os adultos já não tem mais controle sobre as informações que chegam até as crianças, em geral de forma distorcida e banalizada - vinculado a poder, dinheiro, status ou beleza física. Desta forma, fragmentando e dissociando a sexualidade da afetividade e da responsabilidade consigo mesmo e com o outro. Assim, no discurso vivemos um momento social de liberdade de expressão e de maior informação, mas na prática a sexualidade ainda se apresenta como um tema polêmico, onde o diálogo entre pais e filhos, na maioria das vezes, não flui com franqueza e naturalidade. São falas truncadas, cheias de omissões e inquietações de ambas as partes.

É neste contexto paradoxal e ambíguo que se intensifica a necessidade e a importância de se estabelecer um elo entre escola, pais e alunos para refletir sobre a sexualidade. É fundamental que a família e a escola se unam numa linguagem comum em prol do desenvolvimento de uma vida saudável e prazerosa para a criança e para o adolescente que está sob os seus cuidados. Com isto propiciando no futuro um homem e uma mulher de bem com sua sexualidade. Este é um dos motivos da existência do Centro de Sexualidade Humana e uma preocupação do Colégio Concórdia no que se refere a sexualidade: proporcionar uma educação que se ofereça não só como acúmulo de informação, mas como possibilidade de formação e desenvolvimento da pessoa como um todo -desmistificando crenças e tabus, esclarecendo conceitos distorcidos e arraigados na sociedade, bem como, auxiliando a pessoa a viver sua sexualidade como uma dimensão da existência, que só se esgota com a morte. Uma educação sexual que suscite questionamentos vai ajudar o jovem a viver sua sexualidade de forma mais integrada e prazerosa, conjugando afeto e sexo, de tal forma que possibilite sua afirmação como sujeito, na forma mais profunda de fusão, de encontro e de respeito consigo e com o outro.

É fundamental que se compreenda que quando falamos de educação sexual, falamos de um trabalho abrangente e contínuo - um processo que facilita o desenvolvimento e o amadurecimento da criança e do adolescente no que diz respeito a sexualidade, afetividade e prazer pela/com a própria vida. É um processo que se inicia na família, com o projeto ou não dos pais para esta criança - suas dificuldades e possibilidades, suas vivências e crenças sobre o que seja amor, relacionamentos ou o direito a uma vida prazerosa e saudável. Passa pela concepção, pelo nascimento e permeia a relação que estabelecem com a criança - carinho, confiança, cuidado, aceitação, limites e que depois é complementado na/pela escola. Afinal, é através das pessoas significativas (família/escola) que a criança se desenvolve, conhece e se relaciona com o mundo; apreendendo o conjunto de regras, normas, crenças e valores que o regem. Assim, mesmo sem querer ou saber a família realiza a educação sexual, aberta ou implicitamente, falando sobre ou nos 'discursos silenciosos'. A sexualidade está presente, portanto, em todas as fases da vida e permeia a forma como cada um lida com a afetividade, capacidade de entrega, de comunicação e relacionamento.

Pesquisas recentes comprovam que tanto os jovens, quanto os pais e professores se ressentem da ausência de espaços para debates sérios, profundos e profícuos sobre este tema, possibilitando que toda a comunidade escolar - pais, alunos, professores, funcionários e equipe diretiva - se encontre, reflita e desenvolva o seu próprio projeto em educação/orientação sexual. Um projeto nascido da necessidade deste grupo de pessoas e que busca preparar os adultos envolvidos para acolher as dúvidas e inquietações das crianças e jovens, oferecendo-lhes suporte para um crescimento consciente, saudável e mais feliz.

* Psicóloga, Psicoterapeuta, Sexóloga, Facilitadora de Grupos e Ex-professora Universitária.

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